quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ano novo...decisões novas...


Como vocês sabem, este cantinho significa muito para mim. Tudo começou com uma pequena homenagem a uma grande mulher. Em vida teve uma vida simples, dedicada apenas à família, acabando por se esquecer de si própria, como mulher e pessoa. Essa mulher foi a minha avó, Maria Otília Falhas, que está no meu coração.

Depois dela, foram publicadas aqui outras estórias recheadas de Lições de Vida, sobre Mulheres Beirãs com muita garra, determinação, que ousaram arregaçar as mangas para enfrentar e mudar o seu destino.

Foi com muita satisfação que pude, de alguma maneira, dar voz a essas mulheres e  elevar a  auto-estima de cada uma delas. Acredito que a partilha das suas estórias serviram de exemplo para todas nós que, de alguma forma, já  passámos ou poderemos vir a passar por situações semelhantes.

Pois chegou a hora de partilhar convosco o que vai na minha alma …

O ano de 2010 foi inesquecível! Aconteceram coisas incríveis que jamais imaginava algum dia acontecer: editei um livro sobre as nossas lindas Aldeias Históricas de Portugal! Foi um longo e arduo caminho que deu frutos e agora estou a colher.

Mas, há sempre sempre o mas...a felicidade parecia ser boa demais... para mim...

...A vida, por vezes, obriga-nos a fazer aquilo que mais dói. Mostra-nos que, por vezes, é preciso mudar quando se atinge o auge...São aquelas partidas que surgem quando menos se espera, quando tudo está perfeito. Alimentei a expectativa de que seriam apenas falsos alarmes. De nada serviu, senão adiar a hora da decisão. Infelizmente soube em Dezembro e não queria acreditar no “veredicto”. As minhas suspeitas transformaram-se em certezas, nuas e cruas.

Porque alguém muito especial vai precisar de mim e eu não sei como fazer. É a luz da minha vida que me pede mais tempo, dedicação e muita compreensão. Alguém que vive mergulhado num mundo diferente do nosso. Alguém que precisará muito de mim, até ao meu último sopro...
Chegou a hora de vos dizer que para este ano de 2011, tomei as decisões que vão mexer com toda a minha vida.  Decisões...escolhas...prioridades... que passam pelo tempo   dedicado ao trabalho, aos amigos, à família.

Escolho abdicar parte do tempo do meu trabalho para o dedicar ao meu filho., porque ele precisa de mim, mais do que tudo...

. O Clube das Mulheres Beirãs  mantém-se aberta para consulta.Estão aqui verdadeiros testemunhos de grandes mulheres Para quem quiser ler e reler as estórias, estão arquivados aqui ao lado, com o nome de cada grande Mulher que aqui passou. Agradeço do fundo do coração a todas estas lindíssimas Mulhreres, por terem aberto a sua casa e o seu coração para partilhar um pouco do seu mundo. MUITO OBRIGADA!.
E porque o tempo é muito precioso, a partir de agora vou estar, apenas disponível na página do faceboock – Susana Falhas - onde podem fazer uma visitinha , sempre que quiserem. Podem também contactar-me via email : geral@olhodeturista.pt.


Susana Falhas




Nada mais me resta para vos dizer, senão desejar-vos, em meu nome e em nome da Olho de Turista,:

                  Um bom ano, cheio de coisas boas!

                                            Até sempre!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Odete, uma Beirã de Sobral Gordo


Odete Francisco embora tenha nascido na Cova da Piedade (Almada) há 39 anos, o seu coração cedo tornou-se beirão. Com apenas 3 anos de idade foi viver para uma pequena aldeia, do concelho de Arganil. É um lugar onde “eu sinto-me como se de verdade nascesse, em Sobral Gordo .Tive uma infância muito feliz, com algumas privações e limitações, mas sempre com muito amor e muita compreensão”, recorda com emoção. A sua mãe trabalhava no campo, embora nunca tenha aprendido a ler, enquanto que o seu pai trabalhava fora da aldeia, como motorista de carros de aluguer.


Aprendeu as primeiras letras na aldeia e considera-se privilegiada por ter concluído a Primária, antes da escola encerrar de vez. Prosseguiu os seus estudos em Côja, uma aldeia ao lado para fazer o 5º e o 6º anos.E ficou por ali. As dificuldades económicas assim o decidiram: "para fazer o Secundário tinha que ficar em Arganil durante a semana"…

Aí ficou durante 17 anos, até que o seu irmão casou e levou-a a morar com ele para Almada. Foi “para me dar outra vida, que não a agricultura”,explica. Com essa mudança, tem uma segunda oportunidade para concluir o 9ª ano, enquanto trabalha numa fábrica de confecções em Santa Marta de Corroios (Seixal). Aí ficou durante catorze anos, até a fábrica encerrar. Através do fundo de emprego foi trabalhar para uma escola, como auxiliar de Acção Educativa, onde aproveita e frequenta o programa das Novas Oportunidades para completar o 12º ano. Entretanto, casou e teve uma filha, que tem agora 16 anos de idade.Curiosamente o seu marido, embora tenha nascido em Almada, tem raízes muito próximas de Odete :“os meus sogros são naturais da Fornea (Piódão)”.

Mesmo longe, nunca se esqueceu da sua terra: “A minha relação com a Beira é muito, muito forte. Adoro, venero e respeito tudo o que tem a ver com a minha região geográfica. Defendo-a com unhas e dentes. É em Sobral Gordo que eu passo as minhas férias, o Natal a Páscoa. Todo o tempo livre que tenho é para a minha aldeia que eu me direcciono”,afirma Odete com muito orgulho. Depois de ter saído de lá, procurou acompanhar a realidade da sua aldeia de uma forma bastante activa: desde os 18 anos  faz parte dos Corpos Gerentes da Comissão de Melhoramentos de Sobral Gordo. Ao longo destes anos desempenhou todos os cargos da Comissão: desde vogal, secretária da direcção e da assembleia-geral, a presidente da direcção.



Mas o seu maior desafio foi a criação de um Grupo Folclórico de Sobral Gordo, em 2003: “eu e dois amigos decidimos formar um grupo folclórico. Como(…) havia algumas pessoas que tocavam concertina e instrumentos de cordas, tipo viola, bandolim e banjo, achámos que estavam reunidas as condições mínimas para formar o grupo. Formou-se, cresceu e chegámos onde estamos hoje.” O dia 15 de Agosto de 2003 foi um dos dias mais marcantes para si e para a aldeia: “É as lágrimas de alegria derramadas, cheias de orgulho, satisfação e felicidade, quando o Grupo Etnográfico actuou pela primeira vez”, diz Odete emocionada.

O apoio incondicional e a grande força de vontade e determinação dos habitantes e de simpatizantes, incluindo a sua filha e os seus sobrinhos, motiva Odete a fazer algo para melhorar a realidade da aldeia.
Por tudo isso, Odete sente-se uma mulher beirã realizada e feliz a todos os níveis!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

´Parabéns Natália!

Sabugal é a terra onde nasceu, estudou e viveu toda a sua vida, ao longo destes 50 anos. Parece uma eternidade! Tem uma experiência de vida para nos contar:

Estudou até ao 7º ano do secundário ( equivalente ao 11º ano da nova geração), quando estava a completar os seus 17 aninhos. Terminada essa etapa tinha uma mão cheia de sonhos, como qualquer moça da sua idade: gostava de ir para a universidade estudar História, a sua grande paixão. Mas a vida quis ser sua madrasta: inesperadamente faleceu o seu pai e teve que enfrentar a vida real. Agarrou as rédeas do negócio de família, o Café Riba Côa , juntamente com a sua irmã e a sua mãe, e teve que deixar de lado os sonhos. Tinha que trabalhar para sustentar a casa, mas não se sentia realizada.


Aos 20 anos recebeu uma proposta irrecusável: um tio convidou-a para ir viver para a Argentina. A ideia de conhecer outras pessoas e outras realidades, motivou-a aceitar o convite. Quando lá chegou tudo era novo. “Foi uma experiência incrível e quase lá ia ficando...mas já algo me prendia ao Sabugal!”. Passados 3 meses, lá estava ela de novo em Sabugal, cheia de energia para dar e vender. Retomou a sua vida que tinha deixado para trás, assim como regressou ao convívio do grupo de jovens da sua Paróquia .Tudo parecia igual. Até que um dia conheceu um belo rapaz, o Romeu, aquele que iria ser o seu companheiro para toda a vida. Namorou , casou e teve filhos. Surgiu uma mudança na sua vida profissional, que a obrigava a deslocar-se para a Guarda. Optou pela família e dedicou-se exclusivamente a ela durante algum tempo.

Mas não podia ficar quieta. Logo que pode procurou conciliar a vida familiar com a profissional. “Além de contactar com muita gente...geria o meu próprio tempo, por isso, consegui ser uma Mãe presente, pelo menos até os filhos irem para a Universidade” , diz a Natália. Tornou-se empresária de vários ramos e até chegou a representar muitas empresas.

Chegou a ser fazer parte da Assembleia de Freguesia, “a única mulher... primeiro vista como «uma pedra no sapato»”. Teve que “provar que estava a ocupar um lugar alcançado com toda a legitimidade e ocupado com toda a dignidade!”

Assim foi vivendo em Sabugal, procurando sempre um bom relacionamento com as pessoas da terra. Foi conquistando o respeito e o carinho de todos, tanto que é tratada e conhecida por Natalinha.

No entanto, sentia-se desenquadrada havia algo que escapava : queria fazer algo que realmente a realizasse profissionalmente .Até que um belo dia a sua atenção virou-se para uma casa no Largo do Castelo. “ A placa «VENDE-SE» afixada nas paredes era um apelo à nossa imaginação... para o tal projecto de apoio ao Turista e com produtos que divulgassem o nosso Concelho! Conseguimos comprá-la!”, diz entusiasmada. Conheciam bem pedra sobre pedra daquele Largo, pois o seu “marido nasceu à sombra do Castelo(…). Era um Largo com o nosso imponente Castelo de Cinco Quinas...que estava de braços abertos para receber os visitantes, mas que para além do Posto de Turismo com horário limitado... não havia mais nada”.
Foi um sonho que demorou 10 anos a concretizar-se. A vida deu-lhe de presente o seu sonho de menina: o curso não pôde ter, mas conseguiu, sem saber, uma Casa recheada de História!

A sua casa tornou-se emblemática, pelos tesouros que lá guarda e pela pessoa que está à frente. O seu entusiasmo e amor à História parece contagiar a quem lá passa: “As nossas raízes históricas estão aqui na Casa do Castelo...para serem partilhadas...”, diz com sorriso .

Essa pergunta não lhe fiz, mas creio que agora se sente, naturalmente feliz e realizada. Depois de tantos anos descobriu a sua verdadeira vocação. Sem dar por isso, assumiu o papel, embora simbólico, de embaixadora das terras Sabugalenses.

Nada como terminar em beleza com uma citação de Fernando Pessoa:

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado alguma vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

Natália faz hoje precisamente 50 anos. E em homenagem a ela, estou a publicar hoje , e não amanhã, como é habitual todas as 4ª feiras. Até para a semana, com uma nova mulher beirã!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

De Sabugal: Natália Bispo


Foto Retirada da Capeia Arraiana

Natália Bispo é uma sabugalense que tive o prazer de conhecer há cerca de dois anos atrás.Estava a iniciar o trabalho de investigação, que deu origem ao Livro “Aldeias Históricas de Portugal -Guia Turístico”.Conheci--a através da sua casa, a Casa do Castelo. Entrei lá com o intuito de saber mais sobre a região e em particular sobre Sortelha, a Aldeia Histórica que se encontra inserida no Concelho de Sabugal. Sem me conhecer de lado nenhum, abriu as portas da sua casa e do seu coração. É uma honra para mim poder partilhar com todos os meus leitores a história da Natalinha e da sua luta diária para manter esta casa tão especial.


Em 2007, Natália Bispo viu o seu novo espaço a abrir, finalmente, as suas portas. Nem podia acreditar, não depois de tantas surpresas que a casa lhe tinha dado:

A casa estava degradada e necessitava de obras, quando a comprou. Com um projecto aprovado e apoiado pelo FEOGA Leader+, tudo estava a postos para remodelar a casa, pedra sobre pedra, para  receber aí os turistas e promover a região. À medida que avançavam os trabalhos, algo de surpreendente aconteceu. Encontraram várias relíquias: uma ara romana e um vestígio que se pensa tratar-se de um “Aron Ha Codesh” judaico (armário da lei), provavelmente do séc. XIV. Seria um local de oração para os judeus, onde também guardavam o “Torah” (Livro da Lei). Nasceu a hipótese de ter sido uma casa de cristãos novos ou até mesmo uma sinagoga camuflada, que merece ser estudada por peritos e admirada por toda a comunidade. A emoção foi grande com essas grandes descobertas.

Dessa forma Natália descobriu que tinha em mãos um espaço único com um valor e importância histórica incalculável. Para além das lembranças, peças de artesanato, velharias e dos livros, expõe belíssimas peças de museu e ainda dispõe de um simpático restaurante, que serve apenas por marcação. Em poucos meses transformou-se numa referência cultural para a Cidade de Sabugal e para a Região: são muitos os turistas que se deslocam ao Sabugal para verem o armário da lei.

Na próxima semana vamos descobrir o que a motivou para abrir um projecto desta natureza e como foi o seu percurso de vida até aqui.

Até lá, para saber mais sobre a Casa do Castelo, consulte aqui o site oficial Se está muito curiosa e não aguenta até à próxima semana para saber mais da sua história,, sempre pode deslocar-se até Sabugal para conhecer a Natália pessoalmente.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma entrevista...na TV



Gostava de ter um feed-back vosso!

Um grande beijinho a todos e até Setembro!