sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Blogagem Colectiva Vinhos e Vindimas

A próxima blogagem da Aldeia da Minha Vida é sobre Vinhos e vindimas

Para os amantes e/ou profissionais, saber apreciar e saborear um bom copo de vinho, envolve um jogo de sensibildade gustativa, um prazer, que passa por um ritual, à descoberta de sabores e aromas frutados, que quase parece uma entrada ao Paraíso, pela boca...


São Tintos, Brancos, Rosés, Verdes e Espumantes que desenham várias rotas de Regiões Portuguesas, à espera de serem descobertos. Do Douro ao Dão, da Bairrada ao Oeste, do Ribatejo ao Alentejo, entre outros. Portugal tem uma imensa variedade de produção vinícola incontornável.

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Se aprecia um bom vinho português , desafio-o(a) a participar escrevendo sobre aquele que considere o melhor vinho português e recomendaria ao seu melor amigo, que precisa de umas dicas para servir num jantar comemorativo aos seus convidados.

Para quem não está à vontade para falar do assunto dos vinhos, sempre poderá focar outros temas ligados à uva , como por exemplo, as famosas vindimas. Quem já teve essa experiência de participar desde a apanha da uva à ida ao lagar, concerteza que tem na memória histórias engraçadas para partilhar connosco. Ou se preferir ., pode abordar sobre a sua transformação na culinária, para tratamentos de Vinoterapia, sobre a sua História e curiosidades ao longo dos tempos... enfim tudo que envolva o fruto mais importante na época que se aproxima, que é a uva.
Já sabem: enviar um texto com máximo 25 linhas (em formato word) e uma fotografia (ambos originais) até dia 8 de Setembro para : aminhaldeia@sapo-pt

Haverá prémios, para o melhor texto, o melhor comenário e o melhor bloguista do mês, a divulgar no próximo dia 10 de Setembro.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Doceira de Trancoso ( parte 3)

Foto: OLHO DE TURISTA: Sardinhas Doces
Maria da Conceição é uma das doceiras que faz, por encomenda, as famosas sardinhas doces. Em conversa confidenciou-nos que esse doce teve origem do Convento de Santa Clara de Trancoso. O apoio aos pobres era um dos objectivos dessa instituição que, por norma, ofereciam todos os domingos refeições aos mais necessitados. Usaram a sua imaginação e os recursos disponíveis para a criação de um doce, com o formato de um peixe, que de certa maneira iludia e substituía o prazer de comer uma iguaria, tão rara e difícil de aceder na Beira Interior, como a sardinha.


Fomos investigar e descobrimos que esse convento foi fundado por Cristóvão Mendes, desembargador do Paço e fidalgo da casa de D. João III, em 1537, cujo funcionamento manteve-se até 1864, quando saíram as últimas freiras. Do convento resta o edifício, recentemente convertido para um espaço cultural de Trancoso e a sua famosa receita.

Um saber e um legado que terá passado oralmente de mães para filhas. É possível que com o tempo a receita não tenha chegado completamente genuína aos nosso tempos. Hoje encontramos em Trancoso várias casas, com fabrico próprio e venda ao público, que embora feitas por mãos diferentes, fazem questão de manter a receita o mais artesanal e próximo da receita original.

Para fazer as sardinhas é preciso para a massa : farinha, ovos e canela; para o recheio o açúcar, amêndoas moídas e gemas de ovos e para a cobertura, chocolate e leite e acúçar, para polvilhar.

Em primeiro lugar, deve-se fazer a massa e deixar em descanso em formato de bola, tapada num alguidar. Depois prepara-se o recheio: tritura-se a amêndoa pelada, que se junta na panela, previamente fervida com água e açúcar e as gemas batidas. Para não agarrar, deve ir mexendo com a colher de pau, até engrossar o creme e deixar arrefecer.

Pega-se na massa, que depois de estendida , se coloca o recheio e dobra-se e reconta-se o formato em peixe. Passar pela fritura e deixar arrefecer.

Para a coberura, coloca-se ao lume brando uma tablete de chocolate, com leite/água, até ficar líquido e permitir mergulhar rapidamete a sardinha, para ganhar um tom acastanhada. Deixa-se arrefecer e secar e fica pronta a comer.

É um processo moroso, que requer muita paciência e cuidado. A Maria da Conceição, que está habituada a fazer, demora em média 2 horas a fazê-las.

Mas quer um conselho? Quando for a Trancoso, passe pela casa da doceira Conceição e experimente. Se gostar, peça-lhe a receita, com as porções exactas e faça-as em casa, se tiver a mesma paciência para as fazer...

Para o caso de alguém ter ficado com água na boca com este doce, informo ainda que a doceira aceita encomendas.

Quem estiver interessado, mande um e-mail para: geral@susitour.com, com o pedido de contacto, que teremos todo o gosto em enviar.

Boas férias para quem está em férias e boa semana para quem trabalha!

Nós voltaremos em Setembro, com outras grandes revelações beirãs. Até lá divirta-se e tente ganhar um bom prémio, sem comprar nada no nosso blogue: http://www.aldeiadaminhavida.blogspot.com/ !

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Delicie-se...com as sardinhas doces...de Trancoso!

Estamos em plena época de festas e de férias...

E para quem quiser saber mais sobre festas e tradições portuguesas, deixo-vos uma sugestão:
Visite e participe na Aldeia da minha vida. Está a decorrer até dia 8 de Setembro um concurso para o melhor texto , o melhor comentário e o melhor bloguista.
Para a próxima semana vamos de férias e regressamos em Setembro, até lá
deixo-vos, no post que se segue, com a segunda parte da entrevista da doceira de Trancoso e na próxima quarta feira iremos revelar, a par e passo como se fazem as famosas sardinhas doces.


Deliciem-se e boas Férias!

A DOCEIRA DE TRANCOSO - Parte II

Casa do Conde de Trancoso William C. Beresford
(foto tirada da Internet)

Depois de uma patroa lhe deixar em herança uma casa e uma certa quantia no banco, alugam um pequeno espaço para a desejada loja de ferragens (que ainda hoje se encontra em funcionamento). O local escolhido não poderia ser melhor. É o rés-do-chão da casa do Conde de Trancoso. A moradia data do século XIV e tem um alpendre sustentado por 3 colunas. Durante a guerra peninsular contra as tropas napoleónicas, foi o quartel-general de William Carr Beresford, conde de Trancoso e Comandante-chefe das tropas anglo-saxónicas. Em 2001, surge uma grande oportunidade para o casal. O proprietário avisa os locatários da sua decisão: a casa está à venda. Todos os inquilinos fazem ofertas e a resolução é feita em tribunal. Maria da Conceição sai vitoriosa, e junto com o marido, fazem as obras e remodelações necessárias.



Sardinhas Doces, jóia gastronómica de Trancoso
(imagem tirada da Internet)


O espírito empreendedor da beirã permanece, fazendo-a descobrir na pastelaria tradicional uma fonte de rendimentos. “Tinha uma vizinha que era cozinheira em várias casas particulares. Ela ensinou-me muitos doces, e especificamente as Sardinhas Doces, o doce mais conhecido da cidade. Eu era curiosa e ganhei-lhe o jeito rapidamente”, refere, e confidencia-nos que “hoje em dia, em cerca de 1 hora, faz 3 dúzias”. Maria da Conceição segue a receita tradicional: massa estaladiça, coberta de chocolate e açúcar, e recheio de doce de ovos, canela e amêndoa. E sabem a origem desta iguaria? O doce era confeccionado por 4 freiras do Convento de Santa Clara, no intuito de sobreviverem.
No entanto, além das sardinhas sem escamas nem espinhas, Maria da Conceição é uma pasteleira de mão cheia, pois também faz as tradicionais bolas de folhas e bolas de chocolate, entre outros doces. Seguidores? Infelizmente não tem. As irmãs têm uma vida preenchida: uma no Carvalhal e outra em Lisboa. A mocidade trabalha os empregos de Verão e o resto perdeu o interesse ou aprende nas pastelarias por lá espalhadas. “É pena porque eu já recebi aqui alunas de várias escolas profissionais da região. Mostrei-lhes ao vivo a confecção e gostei muito de as ensinar”.
Porém, maior mágoa ainda é a de não ter tido filhos. Contudo, considera-se uma mulher afortunada por ter dois afilhados e muitos sobrinhos, e claro, um marido “fabuloso e amigo”.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A DOCEIRA DE TRANCOSO

                                                        Maria da Conceição Pinheiro
                                                                               Foto Olho de Turista


Maria da Conceição Pinheiro é uma das mais conhecidas doceiras da região. Nascida há 71 anos atrás  na aldeia de Chãos – freguesia de Casteição, concelho da Mêda, passa a meninice numa quinta, longe de tudo e com dificuldades. “Sozinhas, fazíamos 30 a 45 minutos para ir a escola. Um dia de muito frio e muita geada, decidi voltar para casa e não ir para a escola; os meus pés doíam-me de tão gelados”, recorda. As dificuldades persistem, obrigando os pais de Maria a mandarem as filhas trabalhar, mal saíssem da escola. “Fiz os 3-4 anos de escola que os pobres podiam fazer e aos 13 anos comecei a trabalhar”.


Torre de Terrenho
(imagem tirada da Internet)

Desse modo, desloca-se até a Torre de Terrenho (concelho de Trancoso) onde é criada e ama numa casa particular. “Servia e tomava conta de crianças, mesmo sendo eu própria ainda uma menina”, expressa com um sorriso tímido. Uns anos depois, parte para Aveiro onde fica 4 anos na mesma função. Apesar de adorar a estadia em Aveiro, volta para Trancoso por intermédio de uma padeira. “A senhora cozia o pão na aldeia e vendia-o em Trancoso. Ela falou-me que três senhoras, uma tia com duas sobrinhas solteiras, precisavam de uma empregada. E lá fiquei durante 17 anos, seguindo-se depois 19 anos com uns sobrinhos”, relata. A adaptação foi complicada e progressiva, mas hoje, sente-se completamente integrada e “está na sua terra”.

Aos 39 anos, a vida dá-lhe um presente: o marido Francisco Pinheiro. Natural de Trancoso e com 35 anos, volta de África para se unir a ela. “A minha patroa não queria por nada que eu casasse. E eu não insistia porque não tinha aparecido o «tal»”. Coincidência ou não, o marido aparece no momento certo, após a morte da patroa. O trancosense revela-se o melhor dos esposos. “Trata-me como se eu fosse uma Princesa. É muito bom para mim”, exclama com ternura. E prossegue, “eu também sempre fiz tudo para tal porque sou cumpridora e obediente em tudo. Damo-nos as mil maravilhas. Por exemplo, em questões financeiras, cada um gere o seu dinheiro, seja para pagarmos as contas ou viajarmos”. A cumplicidade é tanta que decidem abrir um negócio.

Na próxima semana, iremos saber mais sobre essa mulher beirã , especialmente os doces que ela faz..que são de chorar por mais...
Fiquem atentos... e deliciem-se.