quarta-feira, 9 de setembro de 2009

UMA ALENTEJANA APAIXONADA PELA BEIRA E PELO SEU POVO (parte II)

Foto Olho de Turista: Termas de Monfortinho
Numa das estadias em Portugal, a mãe e o namorado pregam-lhe uma partida. “Eu estava em Portugal porque a lei Suiça obrigava-nos a vir pelo menos um mês até a renovação do contrato. Esperei que as freiras mo mandassem para eu ir trabalhar para as salas de reuniões de um hotel”, conta. No entanto, não esperava que a mãe e o namorado escondessem o tão desejado contrato. Motivo: queriam que ela ficasse em terras lusas. E assim foi, ficou, casou e sentiu-se “deslocada”. Estava em Monfortinho, localidade onde alguns anos antes, tinha conhecido o marido por intermédio de uma amiga de adolescência. “Aos 18 anos, fui visitar uma amiga à Monfortinho. Perdi a camioneta e o primo dela veio buscar-me a Castelo Branco. O primo dela é hoje meu marido!” refere soltando uma gargalhada.
Foto Olho de Turista: Termas de Monfortinho

Contudo, em Monfortinho, o stress e uma mentalidade local diferente fazem-na desanimar e sentir-se desconfortável. “Comparadas com a Suiça, as mentalidades eram fechadas e eu não estava a conseguir entender isso. Sentia-me uma estrangeira como se não falasse a mesma língua”. Após ponderar muito bem, toma a decisão de se afastar da aldeia durante o Inverno. Um passeio ao Fundão, cidade pela qual se apaixona, é a escolhida para os meses de frio. “No Verão, tomava conta dos meus hóspedes e no Inverno levava a família toda atrás para o apartamento do Fundão”. Entretanto, cria o seu site levando os pedidos de hospedagem a aumentarem. “As pessoas começaram a vir aos fins-de-semana de Inverno, eu ia atendê-las e voltava a correr para o Fundão”. Cansada dessa correria constante, mentaliza-se a ficar nas Termas de Monfortinho. “Mudei a minha maneira de ser, tornei-me mais tolerante e estou aqui há 3 anos”, declara.

                                         Foto Olho de Turista:    Idanha-a-Nova (Castelo Branco)
Determinada em marcar a diferença, tira um curso de estética e torna-se itinerante, andando por Monsanto, Penha Garcia, Idanha para se aproximar do povo beirão. “Queria elevar a auto-estima das pessoas. Arranjava os pés e as mãos, mas sobretudo levava alegria, conversa e boa disposição. As pessoas daqui estavam muito tristes e isoladas. Eu quis e quero incentivá-las a cuidarem-se, a sair de casa e a sorrirem”. E o retorno? Maria do Céu divulga dois pontos que põem o seu coração em alvoroço. “Trago muito material para casa: laranjas, azeite, flores, etc. E sinto-me tão motivada. Depois quando me dizem «Ah! As minhas mãos estão uma maravilha, parece a Nossa Senhora de Fátima». Isso mostra o alívio e agrado delas”, confirma com a sensação de dever cumprido.

Casa típica de Monsanto


A pensão Boavista nunca é esquecida, aliás é sempre lá onde tudo começa. Foi o padrinho já de idade que lhe passou esse legado: uma casa antiga e tradicional, existente desde 1940. A hospitalidade e o tratamento dado aos clientes são exemplares. É a dedicação aos outros e a sua afeição que dá força e auto-realização a Maria do Céu. Além disso, suprimiu a televisão e organizou actividades simples e acolhedoras. Esse conjunto de factores fideliza a clientela e propicia as amizades. “Administro a minha pensão de forma a que todos se sintam em casa. Levamos os hóspedes a buscar pinhas ou água à fonte, fazemos serões animados com petiscos e bom vinho. Tentamos sempre integrar as pessoas. Se houver alguém sozinho, não descansamos até inteirá-lo no grupo”, afirma. Consequentemente, os visitantes já não vão a Monfortinho exclusivamente por causa das Termas, mas sobretudo pelo carinho e bem-estar encontrados na estalagem.
                                              Foto Olho de Turista Pensão Boavista
                                                  

É nessa perspectiva que a gerente concebe a vida e adianta ainda que para se ser feliz, deve-se “levantar com uma enorme vontade de viver e boa disposição; esquecer a má disposição e o pessimismo; Não ter medo, nem ficar presa ao passado, mas viver intensamente lutando por aquilo que queremos”. Por isso, após ter o primeiro filho (actualmente com 26 anos), debateu-se durante 13 anos com tratamentos de fertilidade para ter o segundo.















Foto Olho de Turista: Maria do Céu


Mulher batalhadora, planeia actualmente remodelar e modernizar a pensão, mantendo os valores. Porém, ao mesmo tempo, prepara-se para delinear estratégias, pois irá participar na lista das eleições autárquicas. “Através de um pequeno cargo que eu possa cumprir, quero fazer crescer as Termas e ser uma ponte entre as pessoas e a Autarquia. O objectivo é tirar partido das condições da aldeia, dar ânimo e inovação acordando a povoação da hibernação”. Prestes a acabar o 12º ano no âmbito das Novas Oportunidades, Maria do Céu já tem ideias: avivar a avenida principal com casinhas de artesanato, música, produtos tradicionais e construir uma Ecopista.
Termas de Monfortinho preparem-se! Maria do Céu vai cativar e revolucionar as vossas vidas!

 
Texto escrito por Helena Teixeira

6 comentários:

Blog Dri Viaro disse...

Lugares lindos né?
bjs

. disse...

Maravilha de postagem...
lugares lindos com um texto esclarecedor..Parabens
Bjs

vieira calado disse...

Amiga!

Para mim, o Verão, é uma quadra de pouca produção.

Neste momento estou num bar (1 e 30) a beber uns copos...

Cumprimentos meus.

Unknown disse...

Olá venho agradecer a sua gentileza em me ter dado os parabéns.
Desde já considero-a minha amiga.
Bom fim de Semana
Manuela

Helena Teixeira disse...

Ola M@!
De nada.Adorei o seu blog dos tachos.Muito giro e colorido.Volte sempre.

Jocas gordas

Lena

Amores da minha vida disse...

Amiga há um selinho para ti no meu cantinho.

Beijo