quarta-feira, 23 de setembro de 2009

“A FELICIDADE NÃO É UMA META, É UM PERCURSO” (1ª parte)

Quem, depois de casar, alguma vez pensa, ver o seu cônjuge partir primeiro para o descanso eterno? As estatísticas dizem-nos que as mulheres têm uma esperança de vida maior do que os homens. E muitas vezes, são elas que têm a amarga tarefa de acompanhar os amados até a sua última morada. Foi o que aconteceu a Maria Aldina Correia, uma viseense de 39 anos, cujo lema de vida é o nosso bonito título.


Viseu
Foto tirada da Internet

Maria Aldina Correia, mais conhecida por “Dina” nasceu na freguesia de Lordosa (Viseu) e é a mais nova de 4 irmãos. Desde os 5 anos, vive em Moure de Madalena, outra freguesia viseense. “Ainda moro em casa dos meus pais. Casada, continuei a viver lá e não me arrependo nada. A casa sendo enorme, sempre tive o meu espaço e me senti bem. Até o meu marido gostava e não mostrava interesse em sair”, relata Dina. Depois de um namoro de 4 anos, casa aos 26 na freguesia do Campo com o marido, natural de Lamego. “Foi um casamento muito feliz, no qual sempre fiz o que achava certo e gozamos a vida em tudo, até nas mais pequenas coisas. Ele era guarda-prisional, mas sempre que tinha folga ao fim-de-semana, passeávamos. Os tempos eram todos preenchidos”, conta com um brilho nos olhos. Passados dois anos, nasce a Marta – hoje com 10 anos. “Era uma criança difícil para comer, chorava muito… Então, estava um pouco de pé atrás em relação a ter outro”, revela-nos. Mas o marido insiste e ela cede. Após um aborto aos 3 meses, tenta de novo e chega a Maria. “A Maria veio encher por completo a minha vida. Fiquei feliz por ter seguido a vontade do meu marido. E aconselho a toda a gente: quem tem um filho, é muito bom. Mas quem tem dois é bem melhor”, e esclarece rindo, “dá outro sentido de vida, alegrias, vivências. E há as diferenças entre elas que adoro: a mais velha é reservada, calma, bem comportada. A Maria é travessa, traquina.

Duas crianças a brincar
Foto tirada da Internet

Entretanto, essa plena felicidade desvanece quando é detectado um carcinoma na língua ao marido de Dina. Pouco tempo depois, da mais pequena festejar um ano de idade, o marido é operado. A recuperação é excelente e não necessita dos habituais tratamentos como a quimioterapia. Mensalmente, comparecem as consultas mensais de rotina. Tudo estava a desenrolar-se positivamente. Contudo, em Agosto, é notada uma alteração nos gânglios cervicais. No mês seguinte, nova cirurgia. “Ai, foi sujeito aos tratamentos pesados – quimioterapia, radioterapia… Foi outro susto. A partir daí, a saúde dele deteriora-se. Em Coimbra, já não havia soluções e dão-nos a indicação de uma clínica em Navarra (Pamplona). Em Espanha, Dina agradece o aspecto humano, a esperança e o bem-estar que lhes é transmitido. Porém, o marido não resiste a agressividade dos tratamentos e acaba por falecer, em Coimbra, devido a uma hemorragia interna grave. “Do princípio ao fim, acompanhei e apoiei-o. Era duro ver definhar o homenzarrão que ele era. No dia da sua morte, senti uma paz interior muito grande porque o sofrimento dele tinha acabado”, narra com as lágrimas nos olhos. Com o contínuo apoio familiar, Dina enfrenta a situação frontalmente. “Não senti necessidade do luto em si porque ele está sempre ao meu lado. A sua ânsia de viver deu-me algo, não sei se é força ou fé. Por isso, fiz naturalmente as leituras no funeral em sua homenagem. Expliquei à Marta o que se tinha passado com o pai e a doença dele. Para mim, ele continua presente nos pequenos gestos do quotidiano”, conta. E exemplifica: “eu estava a cortar as unhas da Marta e a pensar que eram iguais às do pai e ela, de repente, exclama: «Mamã, as minhas mãos são iguais às do papá». Não é uma transmissão de pensamentos por acaso”. A partir desse fatídico momento, a vida de Dina muda...
Descobriremos como na próxima quarta...

6 comentários:

Anónimo disse...

Dolorosa e bela ao mesmo tempo esta exposição de duas vidas que foram separadas tão precocemente.Deus tirou-o do sofrimento e à Dina vai da~-lhe a força para seguir caminho e criar essas crianças com muito amor. Mas amiga a vida continua não desista de a viver da melhor maneira possível.Beijinhos para as duas princesas e para a mãe.

Helena Teixeira disse...

É verdade,Kotta,foi um momento mesmo muito duro pelo qual a Dina teve de passar.Verás na próxima 4ª,é uma mulher com uma enorme energia positiva.E as meninas dela,ai são o máximo.
Jocas gordas,Lena

Cida Torneros disse...

Sensível texto, Helena, gostei muito, emocionei-me e quero ler a continuidade. beijos
Cida Torneros

Beijinhos de cor disse...

olá

aqui está uma mulher beirã, que cedo veio viver para o Porto, mas que deixou a alma e as raízes na sua querida Covilhã. è tal o amor, que até dei ao meu blog o nome de "Pó de Estrela" Da Estrela que todos nós beirões vemos através da nossa alma.
Tenho no meu blog vários posts sobre a Serra da Estrela. Hei-de vir aqui contar algumas histórias que ouvia nas noites quentes de verão, sentada à porta, gozando a fresca da noite.

até um dia destes.

Um beijinho cheio de Pó de Estrela

Unknown disse...

°°°°°°°°°°°°|\ NAVEGUEI
°°°°°°°°°°°°|_\ ATÉ AQUÍ
°°°°°°°°°°°°|__\SÓ PRA DESEJAR
°°°°°°°°°°°°|___\UMA ÓTIMA SEMANA
°°°°°°°°°°°°|____\°°°°°°PRA VOCÊ!!
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Susana Lamego disse...

Como estou feliz por ver aqui o relato da tua vida, a vossa história.
Dina és uma grande mulher, admirei e admiro muito a tua força. Continua com essa tua energia. Um beijinho grande