quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

UMA POSTURA FORTE E DETERMINADA DE ESTAR NA VIDA E NA DOENÇA (2ª Parte)


Luísa Silvestre

Face a isso tudo, sente-se tão desanimada que faz novamente as malas para voltar para a sua casa em Viseu. A ressonância magnética (RM) era importante para poder aceitar com toda a tranquilidade a operação. “Grande parte da nossa sexualidade e da nossa vaidade feminina estão no peito. Daí, temos de ficar conscientes dos motivos pelos quais o podemos perder. São 3 partes: ter o problema, estar informada sobre o mesmo para ser capaz de enfrentar tudo o que engloba (tratamentos, operações e reconstruções) e a razão essencial da operação. Por isso, é importante ouvir, mas também ver”, realça.
Na cidade de Viriato, consegue a RM e pede para ser operada pelo Dr. Cortes Vaz. Todos a auxiliam nos aspectos necessários. Profundamente agradecida a todo o “pessoal médico” de Viseu, Luísa refere, satisfeita, “sempre me elucidaram a cada passo. Nunca me senti desamparada, como aconteceu na capital. Actualmente, conto com 21 sessões de quimioterapia injectável e 25 de radioterapia e faço quimio em comprimido. Além disso, sou extremamente vigiada pelos médicos porque tive uma recaída com metástases no esterno e nos pulmões. De momento, estou estável”. Paralelamente, esta gouveiense ainda fez a reconstrução mamária, sentindo-se aliviada mentalmente.

Agora é ela que anima as “novas” pacientes do hospital. Numa primeira fase, entrega-lhes um pequeno livro onde narra a sua experiência. “Faço-as entender que amanhã não é o fim e que têm um longo caminho por percorrer com pessoas e filhos a depender delas”, esclarece. Em segundo lugar, estabelece 3 factores indispensáveis na luta contra o cancro. O primeiro é a Alimentação. Há já alguns anos que Luísa tem por base uma nutrição saudável, principalmente vegetariana com soja, algas, cogumelos e leguminosas. Evita açúcares, carnes e lacticínios de vaca, … “Com a doença, aprofundi ainda mais os meus conhecimentos sobre esse tipo de alimentação. As minhas análises estão sempre bem e sei o que prejudica a minha recuperação ou pelo contrário a favorece”, contrapõe.


(Imagem retirada da Internet)

O segundo ponto é o Desporto. Antes praticava atletismo, presentemente, faz caminhadas no Parque do Fontelo, pelo menos uma hora, 3 vezes por semana. “É fundamental exercitarmo-nos. Apanhamos ar puro e sol. Revigora-nos o corpo e a mente”, foca.
Por último, o indispensável: o aspecto exterior. Quem passa pelos duros tratamentos de um cancro, tem perfeita noção da queda de cabelo. Luísa não foi excepção. “Ao ver o cabelo na almofada, fiquei triste. Fui logo rapá-lo e aí uma sensação de alívio e leveza invadiu-me. Nunca comprei peruca. Já usava chapéus e lenços antes. Renovei o stock e fiquei com um novo look e acessórios novos para combinar com a roupa”, completa. E acrescenta: “Nunca tive vergonha. Sugiro as pessoas para assumirem a doença e habituarem-se a careca, pois o cabelo volta e vê-lo a crescer aos poucos é um sentimento que só nos ajuda”. Daí, denotamos a importância do cuidar da aparência. Maquilhar, pintar as unhas, combinar o vestuário são momentos transmissores de alento e vida. “Já noto que as doentes do hospital deixaram o ar entristecido e abatido e estão mais vaidosas e esperançosas”, comprova com agrado.

Planos para o futuro? Cinco anos a conviver com a luta diária contra o cancro, regulamentou-lhe a vida. Programa o amanhã e vive o presente. “Se marco algo como as viagens que adoro fazer dentro e fora de Portugal (Lisboa, Madeira, Braga ou Alemanha), tenho de confirmar pouco tempo antes. Então, a minha ambição é viver com qualidade, dentro das melhores condições possíveis”, confirma, amena.

Antes de nos despedirmos e voltar na próxima quarta, é primordial dar ênfase a uma das decisões tomadas por esta mulher beirã. É um exemplo, pois poucas pessoas estariam dispostas ao mesmo. “Assinei um documento para que após a minha morte, o meu corpo fosse doado à Faculdade de Medicina de Coimbra. Só em caso de autópsia, é que eles excluem o corpo do programa. Senão, eles poderão estudá-lo e investigar... E quem sabe, isso servirá para outras pessoas.”, concluiu com um sorriso excepcional.



8 comentários:

Helena Teixeira disse...

Olá a todos/as!
Queria agradecer mais uma vez a menina Luisinha.É um ser excepcional e quem tiver oportunidade de a conhecer ou passar por ela na rua,vai logo aperceber-se disso.Continue a sua caminhada na vida e se precisar ou mesmo sem precisar,eu estou por aqui :)

Jocas gordas
Lena

Luisa Silvestre disse...

Obrigada ao Clube das Mulheres Beirãs, por esta minha reportagem.
Espero que consiga ajudar alguem a nivel psicologico, pois, o resto, cada um tem que sofrer à sua maneira. A dor é diferente de uns para os outros, mas nunca baixem os braços, tem que se ir sempre enfrente, isto é para tudo, não é só no caso da doença.
Um grande beijo para todas as Luisas e Marias, muita força.
Luisa Silvestre

amitaf disse...

Olá Luisa,olá Leninha,e um grande olá a todas.

Fui para a minha terra esta semana,e como tenho o computador avariado,lá,não tive internet,mas já aqui estou de novo a visitar este nosso cantinho beirão.

Vim ler o resto da Grande história da Luisa,é claro.

É uma grande mulher,que nos deixa aqui um grande exemplo de VIDA.

Um beijinho para todas.
Fátima

Helena Teixeira disse...

Olá Fátima!
Espero que tenha tido um super fim-de-semana na sua terra :)
O próximo fim-de-semana é super recheado com o dia dos namorados e o Carnaval.Vai ser engraçado!

Jocas gordas
Lena

Anónimo disse...

Lendo esses relatos da Luisa muito me comovi,pois tenho uma prima querida na mesma situação e que não está reagindo tão bem!Uma mulher de muita fibra,Luisa!Parabéns!Abraços,

Sandra disse...

OBRIGADA PELA VISITA NA INTERAÇÃO DE AMIGOS.
VENHA NA CURIOSA, BUSCAR O SEU SELO DE 300 SEGUIDORES. CLARO SE FORES ADPATA A ELES..
UM GRANDE ABRÇO AMIGA.
SANDRA

Laura disse...

Olá. Todos temos pedaços de vida que queriamos poder excluir, mas, não se pode deitar fora tudo o que se quer...
O pensamento positivo ajuda imenso e as forças vêm daquela fé ianabalável, e que nos ajuda a sentirmo-nos curados muito antes de isso acontecer. Um abraço à mulher guerreira e que continue a luta porque é a lutar que se ganha a guerra..laura

Anónimo disse...

Olá!!! Luísa....
Corajosa, lutadora e com muita esperança.
Tenho uma colega a atravessar uma situação igual, já tive a mesma situação na familia.
Ainda as pessoas se degladiam por insignificâncias, a vida é uma passagem e o melhor mesmo é vivê-la sempre de forma positiva.
Força!
Paula