Viry Châtillon
(Imagem retirada da internet)
Porém, as novidades continuaram: uma nova mudança de Pinay para Viry Châtillon, um irmão e um marido. “Pela primeira vez na vida, fomos morar para um apartamento no qual tive direito a um quarto só para mim. Tinha 14 anos. O meu irmão nasceu e tomei conta dele. Nesse mesmo período, conheci o meu marido. A mãe dele frequentava a casa dos meus tios e dizia que eu havia de casar com o filho dela. Ele veio lá passar as férias e ficámos amigos nesse verão. Incentivada por uma amiga, mandei-lhe cartas, meio pelo qual começamos a namorar e víamo-nos nas férias”. Entretanto, os estudos prosseguem e terminam num curso profissional de contabilidade.
Aos 20 anos, casa-se em Portugal e toma a decisão em conjunto de ficar e criar um negócio na Mêda. Dois anos depois, nasce a sua primeira menina. O supermercado permanece com êxito durante quatro anos. A concorrência dita o seu fecho. Emigram novamente com o intuito de dar o melhor à filha. “Queríamos dar-lhe um bom futuro e para isso tive de a deixar com os avós durante um ano. Foi muito complicado para as duas. Ela ainda tem mágoa e vê os avós como pais”. Na altura, Maria de Fátima sofreu tanto com a distância que chegou a pensar que estava grávida durante 3 meses. Daí, hoje aconselha as outras pessoas a não fazerem o mesmo. “É uma dor que nos acompanha para o resto da nossa vida. Digo a toda a gente para não deixarem nunca os filhos”.
(imagem retirada da internet)
Em França, está apenas desempregada duas semanas e começa a trabalhar numa empresa de limpezas. Sucede-se uma fábrica de embalagens e ao mesmo tempo limpezas de escritórios e um armazém de frutas e legumes onde tem a função principal de caixa. Por fim, escolhe trabalhar apenas nas limpezas a casas particulares nas quais está até hoje. Porque trabalha tanto? O marido portador de incapacidade recebia uma pensão de invalidez que não chegava obviamente para tudo. Após ter um emprego fixo, decide trazer a filha e opta por comprar uma casa. “Queríamos uma casa nossa. E um ano e meio depois nasce a minha segunda filha”.
Sendo uma mulher de armas a quem “o trabalho nunca pôs medo”, tinha um lema: “A vida dum casal é quase como uma empresa, é preciso gerir tudo”. Maria trabalhava fora e o marido ficava encarregue de tratar da casa, do jardim, dos animais (coelhos e galinhas) e das filhas.
Actualmente, passa as férias do mês de Julho em Portugal e só tem um desejo: regressar de vez e descansar devidamente. “Acabar a minha vida em França, nem pensar. Quero aproveitar a minha casa na Beira e, de preferência, antes da reforma”. E remata, “sou uma mulher feliz, pois apesar da minha vida ter sido dura, realizei um sonho de infância: casar, ter filhos e sentir-me útil”.