quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Odete, uma Beirã de Sobral Gordo


Odete Francisco embora tenha nascido na Cova da Piedade (Almada) há 39 anos, o seu coração cedo tornou-se beirão. Com apenas 3 anos de idade foi viver para uma pequena aldeia, do concelho de Arganil. É um lugar onde “eu sinto-me como se de verdade nascesse, em Sobral Gordo .Tive uma infância muito feliz, com algumas privações e limitações, mas sempre com muito amor e muita compreensão”, recorda com emoção. A sua mãe trabalhava no campo, embora nunca tenha aprendido a ler, enquanto que o seu pai trabalhava fora da aldeia, como motorista de carros de aluguer.


Aprendeu as primeiras letras na aldeia e considera-se privilegiada por ter concluído a Primária, antes da escola encerrar de vez. Prosseguiu os seus estudos em Côja, uma aldeia ao lado para fazer o 5º e o 6º anos.E ficou por ali. As dificuldades económicas assim o decidiram: "para fazer o Secundário tinha que ficar em Arganil durante a semana"…

Aí ficou durante 17 anos, até que o seu irmão casou e levou-a a morar com ele para Almada. Foi “para me dar outra vida, que não a agricultura”,explica. Com essa mudança, tem uma segunda oportunidade para concluir o 9ª ano, enquanto trabalha numa fábrica de confecções em Santa Marta de Corroios (Seixal). Aí ficou durante catorze anos, até a fábrica encerrar. Através do fundo de emprego foi trabalhar para uma escola, como auxiliar de Acção Educativa, onde aproveita e frequenta o programa das Novas Oportunidades para completar o 12º ano. Entretanto, casou e teve uma filha, que tem agora 16 anos de idade.Curiosamente o seu marido, embora tenha nascido em Almada, tem raízes muito próximas de Odete :“os meus sogros são naturais da Fornea (Piódão)”.

Mesmo longe, nunca se esqueceu da sua terra: “A minha relação com a Beira é muito, muito forte. Adoro, venero e respeito tudo o que tem a ver com a minha região geográfica. Defendo-a com unhas e dentes. É em Sobral Gordo que eu passo as minhas férias, o Natal a Páscoa. Todo o tempo livre que tenho é para a minha aldeia que eu me direcciono”,afirma Odete com muito orgulho. Depois de ter saído de lá, procurou acompanhar a realidade da sua aldeia de uma forma bastante activa: desde os 18 anos  faz parte dos Corpos Gerentes da Comissão de Melhoramentos de Sobral Gordo. Ao longo destes anos desempenhou todos os cargos da Comissão: desde vogal, secretária da direcção e da assembleia-geral, a presidente da direcção.



Mas o seu maior desafio foi a criação de um Grupo Folclórico de Sobral Gordo, em 2003: “eu e dois amigos decidimos formar um grupo folclórico. Como(…) havia algumas pessoas que tocavam concertina e instrumentos de cordas, tipo viola, bandolim e banjo, achámos que estavam reunidas as condições mínimas para formar o grupo. Formou-se, cresceu e chegámos onde estamos hoje.” O dia 15 de Agosto de 2003 foi um dos dias mais marcantes para si e para a aldeia: “É as lágrimas de alegria derramadas, cheias de orgulho, satisfação e felicidade, quando o Grupo Etnográfico actuou pela primeira vez”, diz Odete emocionada.

O apoio incondicional e a grande força de vontade e determinação dos habitantes e de simpatizantes, incluindo a sua filha e os seus sobrinhos, motiva Odete a fazer algo para melhorar a realidade da aldeia.
Por tudo isso, Odete sente-se uma mulher beirã realizada e feliz a todos os níveis!

11 comentários:

Anónimo disse...

Grande mulher, que ama de verdade a sua terra. Mulheres destas é que dão dignidade ao nosso País, mas infelizmente nem sempre apoiadas nos seus sonhos. Beijo grande.

Anónimo disse...

Olá!
Queria apenas realçar que esta entrevista foi possível graças à dica da bloguista Lourdes Martinho do blog "O Açor". Parabéns a ambas que são duas grandes mulheres,com raízes beirãs.

PS.: alguns erros de português na entrevista.

Beijos
Liliana Rito

Anónimo disse...

Tive muito gosto em ter respondido a esta entrevista.
Agradeço à Dra. Lurdes Martinho, (Açor) por ter dado o meu contacto.
Assim como agradeço aos responsáveis deste blog, por me terem concedido a possibilidade de uma vez mais divulgar a minha terra, a minha cultura e as minhas raízes.
Senti muito orgulho quando vi publicado este texto.
Um forte abraço a todos que não esquecem as suas raízes, as suas origens.
(Sinto muito, muito orgulho, em ser uma mulher da Beira)
Odete Francisco

Rouxinol de Pomares disse...

Um abraço para a Odete Francisco que respira a Beira Serra por todos os poros e não esquece as raízes beirãs nem a sua terra natal.
António Manuel Silva

Lourdes disse...

Olá!
A Odete é um exemplo que nos mostra a raça das mulheres da serra do Açor.
Ela conseguiu o mais difícil que foi motivar os jóvens. Os mais velhos passaram pelas dificuldades da vida na serra e os poucos momentos de convívio eram passados nos bailaricos da aldeia e nas festas e romarias das aldeias vizinhas.Não admira que gostem da sua música. Mas, os mais novos, fruto doutra época que muitas vezes "goza" com o nosso folclore mais genuíno é de admirar que sigam o grupo com o entusiasmo com que o fazem.
Parabéns Odete pelo trabalho que desenvolves em prol da nossa região.
Parabéns Susana pela contribuição que prestas dando a conhecer pessoas que são um exemplo para cada um de nós, qualquer que seja a actividade em que se destacam.
Beijinhos
Lourdes

Anónimo disse...

este eu não conhecia ... sua narrativa consegue desvendar tudo ... beijo.

Maria do Céu disse...

Parabéns Amiga Odete pela sua determinação e pelo seu amor pela nossa serra.
Mulheres como a Odete prestigiam e dignificam sempre o local onde estão seja longe ou perto das suas raizes, porque elas estão sempre presentes.
Um abraço
Maria do Céu

Osvaldo disse...

Odete;
Se sâo permitidos comentários de homens beirões, parabés pela defesa de tanta cultura ainda tão desconhecida dos grande centros e litoral.
Como beirão que sou orgulho-me imenso das minhas raízes e dos homens e mulheres que sempre lutatram para que as suas tradições sejam guardadas, mantidas e defendidas.
Obrigado Susana por ter publicado tão belo post
bjs,
Osvaldo

Anónimo disse...

Muito boa noite. Ainda que não o conheça muito lhe agradeço o comentário que o Senhor aqui deixou.
Se quiser e tiver disponibilidade visite, o site do Grupo Etnográfico Raízes de Sobral Gordo, ou o Facebook. (Raízes de Sobral Gordo). Com certeza irá apreciar.
Respeitosos cumprimentos.
Odete Francisco.

Daniel disse...

Odete, tudo bem?

Se você é como eu que sente falta da Tertúlia Virtual, por favor, deixa um comentário neste link lá no Varal de Idéias.

http://cimitan.blogspot.com/2010/12/comentarios-que-valem-um-post_14.html

Estamos tentando reviver aqueles bons momentos da Tertúlia.

Um abraco

Luis disse...

Minhas Boas Amigas,
Venho visitá-las para lhes desejar a continuação de Boas Festas e um Ano 2011 cheio de Feicidades.