quarta-feira, 21 de abril de 2010

TRABALHAR, ESTUDAR, LUTAR, MAS NUNCA DESISTIR (parte 3)

(Cortecega - foto cedida por Eugénia Santa Cruz)

E vai parar por aqui?
Não, não. Quero concluir a faculdade para tirar a licenciatura no Curso de Assistente Social. Mas optei por esperar uns 4 anos até as minhas filhas acabarem de tirar os seus cursos. Elas estão em primeiro lugar.
Outro dos meus objectivos é ser voluntária para poder ajudar o próximo. Embora com algumas paragens, já estive na paróquia Algueirão/Mem-Martins como catequista. Nem que seja através de uma visita, de uma pequena conversa, um beijinho a dizer estou aqui, são actos de extrema importância no apoio ao próximo. O sonho de fazer uma missão está presente. Quando as minhas filhas tiveram total autonomia, irei concretizá-lo.

Contudo, já concretizou o maior sonho da sua vida: Ser mãe. E correu riscos para tal?
Na nossa vida, passamos alguma vez por momentos dramáticos que nos marcam e eu não sou excepção. Sempre adorei crianças e queria muito ser mãe. Quando fiquei grávida, foi uma alegria. No terceiro trimestre, as coisas complicaram-se e perdi o bebé. Fui para a maternidade e tive de fazer uma ecografia para ver se o feto tinha saído todo. Eu levava a esperança que tudo não passasse de uma ameaça ou um pesadelo. Quando olhei para o monitor, queria ver o feto. A médica declarou calmamente «Filha, tens de tentar outra vez». Senti-me a pior mulher do mundo por não conseguir salvar o meu bebe. A seguir, tive mais dois abortos. Não desisti e finalmente: gravidez de alto risco! Devido ao insucesso das outras tentativas, o medo estava lá. Sempre que fazia uma ecografia, tinha vontade de ver e receio de ouvir. Tive 8 meses de cama a levar injecções diariamente, mas valeu a pena. Felizmente, a Ana Filipa nasceu saudável e hoje com 20 anos, está no 2º ano de enfermagem. Tenho o privilégio de ter outra linda menina: a Rita Isabel com 17 anos, que está no 11º ano. Ambas são voluntárias na Cooperação de Bombeiros Voluntários de Sintra. Estas princesas são a minha vida!

(Eugénia Santa Cruz - Foto cedida pela própria)

Além do espírito solidário, o que considera importante de transmitir a um filho?
(Embevecida) A amizade e a dádiva são outros valores transmitidos às minhas filhas. Os bens materiais e o estatuto não são os mais importantes. Procurem sempre a felicidade. Em 23 anos de casamento, nem tudo é um mar de rosas, mas a vida pode ser um jardim maravilhoso, se lutarmos por isso no dia-a-dia regando-o diariamente para as plantas crescerem.

É uma mulher lutadora e de fé?
(Olha para o Céu) Sem dúvida. É esta Fé que me guia. Já passei por várias cirurgias, estive nos cuidados intensivos 18 dias, 3 dos quais em semi-coma derivado a uma embolia pulmonar pós-operatória. Mas sou uma pessoa de bem com a vida e agradeço a Deus todos os dias por poder continuar a ver crescer as minhas filhas.
Sobre ter Fé e Esperança, tenho uma história triste mas que hoje me faz rir. Por volta dos meus 15 anos, andava no duro trabalho de picareta na mão a fazer valetas. As minhas mãos estavam a ficar cheias de calos e bolhas. A dor era tanta que até me vinham as lágrimas aos olhos. Então ajoelhei-me na berma da estrada, sozinha olhei para o céu, pedi a Deus que um dia elas me doessem de escrever à máquina. Anos mais tarde fui operada a uma tendinite na mão, uma das causas era de escrever no computador. Esta história além de triste, é engraçada e curiosa. Deixa-me a pensar.

E se essas mãos pudessem falar, diriam: “Graças a nós, esta menina já ganhou prémios!”
(Gargalhada e sorriso ternurento) Pois é. Elas são as minhas aliadas quando deixo fluir a minha paixão pela poesia. Despe pequena, gosto de escrever versos, histórias e contos. Tenho dois pequenos contos de Natal, ambos baseados na experiência beirã e ambos premiados pela Câmara de Sintra, um em 1º lugar, outro em segundo. Escrevo sobre tudo e nada, se estiver inspirada qualquer coisa ou facto serve. A minha própria vida é uma simples história de uma mulher beirã.

6 comentários:

Lourdes disse...

Este é, sem dúvida, um testemunho da garra das mulheres beirãs. Criadas com todas as dificuldades inerentes à época, não se conformaram e lutaram para conseguir o lugar a que têm direito na Sociedade. Parabéns Eugénia.
Obrigada Helena por nos dar a conhecer estes grandes exemplos de vida.
Beijinhos
Lourdes

Helena Teixeira disse...

Olá a todas e todos!
Obrigada Lourdes :)
Eugénia,sempre às ordens :)
Para a semana,tenho uma história emocionante que também tem 3 capitúlos (tinha de ser,a entrevistada e filha merecem) e que vos vai marcar.Vão amar,vão ver :)

Jocas gordas
Lena

Paula Santa Cruz disse...

Bonita história e muito bem contada que me deixou em suspense durante 15dias, apesar de já a conhecer por ser cunhada da Eugénia. Parabéns ao Clube das Mulheres Beirãs por este cantinho.
Cumprimentos
Paula Santa Cruz

vieira calado disse...

Desejo-lhe uma boa semana!

Beijinho.

Unknown disse...

Amiga Helena vim convidar para participar nos meus anos de casamento.
Bj e Obrigada por ser minha amiga.
Boa semana para si.
Bj
Manuela

* Edméia * disse...

*Eugênia, você é uma pessoa, uma

mulher ADMIRÁVEL !!! *Parabéns !!!

*Bom, vim aqui para desejar a

todas as Mulheres Beirãs _ acho

esta expressão TÃO BONITA !!! -

um mês de *Maio - mês de MARIA,

mãe de DEUS !!! - com saúde,

serenidade e muitos momentos de

ALEGRIA ao lado dos teus !!!

*Abraço forte !!! *